Chuva






Dias chuvosos me dão uma preguiiiiiça... Pra começar um dia com chuva é um dia cinza. E cinza é uma cor triste, chata, monótona, cansada de ser branco e com medo de ser preto. Não entro nem no mérito da moda e suas tendências, me atento mais para a expressão da cor, como nas aulas de Psicologia das Cores. Cinza é uma cor muito séria, sisuda, e eu prefiro a alegria. Como sempre digo, dia com chuva é dia para ficar em casa. Pra namorar. Pra ver sessão da tarde. Pra ver um filme debaixo das cobertas. Pra comer pipoca e brigadeiro de panela. E se a preguiça for muito grande também é bom para dormir. Chuva é bom pra molhar a terra. Pra lavar as plantas, o carro e a alma. Lavar os pensamentos conturbados de uma semana louca que passou e levar os sentimentos negativos para o ralo. Ainda bem que é sexta-feira. E a chuva vai lavar a cidade para o sol brilhar depois.

Por trás das cortinas

Cabelos lisos e soltos. Maquiagem impecável. Sapatilha no pé. E o coração pulsando forte de emoção e entusiasmo. Na preparação, o camarim brilha por todos os lados: brilho da sombra asa de borboleta, da purpurina espalhada pelo corpo, dos detalhes do vestido e, principalmente, dos sorrisos que brotam nos lábios de cada bailarina. A expectativa se revela de várias formas, sendo até engraçado de se observar. Algumas riem, outras repassam a dança, fotografam (até filmam sem avisar), muitas se maquiam e ainda rola um bom papo. É uma mistura de muitas emoções, que talvez tentam disfarçar o nervosismo, amenizar a ansiedade e além de tudo buscar a concentração. Mesmo sendo imprescindível, a dança não acontece só com emoções. O alongamento é importante para que o corpo esteja preparado e execute bem todos os movimentos que compõem a coreografia. Então, “bora” pro aquecimento meninas! Por trás das cortinas a energia é diferente. É intensa. É corre-corre. É riso e choro. E pra mim que estava lá estreando era muito mais riso. A alegria mal cabe dentro do corpo e acaba transbordando por todo o teatro, que também parece ficar pequeno. O grande momento se aproxima. Todas se posicionam na coxia só aguardando o grupo ser anunciado. O coração dispara e, finalmente, a música começa a tocar. A dança cria vida própria no palco e aparece como uma verdadeira obra de arte, e como tal, também estavávamos sendo observadas. E todas aquelas emoções se transformaram em movimento para formar a tão ensaiada coreografia. Depois de alguns minutos surgem os aplausos. Mas a dança não acaba depois de sairmos do palco. Ela continua forte em nosso coração, deixando aquela vontade de nunca mais parar de dançar.